Enquanto os jogadores treinam para o gol, diversas funções são essenciais para garantir o bom andamento do clube |
Segundo José Leandro Nunes de Oliveira, professor na graduação de Educação Física da Unisinos e avaliador das categorias de base do Grêmio, são muitas as profissões que atuam na formação de um jogador de futebol, desde a base até a fase adulta. Entre as principais, estão as da área da saúde, como médico, dentista, psicólogo, fisioterapeuta, fisiologista, nutricionista, profissionais da área educacional, como assistentes sociais, e na área técnica, que são treinadores e preparadores físicos. “Além disso, existe a área de gestão envolvendo diretoria administrativa e coordenação técnica. Todas estas diferentes profissões atuando de maneira interdisciplinar”, explica Oliveira.
Mas, para um jogador chegar a campo, é preciso que tenha sido descoberto. “Os grandes empresários de futebol são aqueles que têm noções de administração e um conhecimento profundo do mercado nacional e principalmente internacional. Quanto ao conhecimento técnico, o ‘olho’ fica a cargo de sua assessoria, que fica garimpando jogadores nos diferentes lugares onde ocorrem torneios e campeonatos das diferentes faixas etárias. A conquista do atleta pelo empresário passa muitas vezes pelo seu poder econômico”, diz o professor.
Ele também lembra que o jogador de futebol é responsável por uma grande movimentação de capital, o que gera na maioria das vezes grandes lucros para as partes envolvidas, o próprio jogador, o clube e os investidores. “O jogador encontra-se no epicentro de um complexo que envolve a grande paixão da massa popular e, consequentemente, a grande mídia, o que o leva a uma grande valorização tanto em termos de imagem como monetária”, enfatiza.
Atletas em formação
Até chegar ao time titular, geralmente, um jogador deve passar pelas categorias de base dos clubes. O mesmo acontece com os profissionais que os treinam. Ricardo Grosso da Fonseca é graduado em Educação Física e trabalha no Grêmio desde 2005. O início de sua carreira foi como treinador de goleiros da categoria sub10, passando a auxiliar de preparação física nas categorias de base sub15 e sub17. Nos anos seguintes, foi evoluindo e assumiu como preparador físico das categorias sub14, sub15 e sub17.
“Recebi um convite de um professor da faculdade para estagiar nas escolinhas. Na época, era ele quem comandava a base gremista. Sou e sempre fui apaixonado por futebol! Pratiquei o esporte durante todo o período escolar”, conta Fonseca. Atualmente, ele é auxiliar técnico no grupo sub17, composto por cerca de 53 atletas. Além disso, cursa pós-graduação em Ciência Aplicada ao Futebol e Futsal.
Para Fonseca, a Educação Física encontra um mercado que pode ser promissor no futebol. “Acho existem outras áreas com bom rendimento financeiro e até mesmo melhor do que futebol em categorias de base, mas com certeza no futebol profissional existem grandes atrativos financeiros. Vejo boas perspectivas de continuar a crescer e evoluir dentro do Grêmio e, ao mesmo tempo, sei que o clube já me proporcionou muitas oportunidades e crescimento profissional”, conclui.
Cuidado necessário
A integridade física do jogador de futebol talvez seja a maior preocupação de quem trabalha na área. Afinal, é preciso estar em plena forma para chegar ao gol. Nesse sentido, o trabalho de fisioterapia é intenso e essencial.
O fisioterapeuta Bruno Petry trabalha há três anos envolvido com futebol, sendo o Lajeadense seu último contrato. O começo no clube foi difícil. “Um amigo, radialista esportivo, me passou o contato do diretor de futebol, entrei em contato, mas ele me disse que não tinha condições de ter naquele momento inicial como manter um fisioterapeuta ‘exclusivo’ no clube. Trabalhei em torno de cinco meses sem receber nada, apenas por amor a profissão. Os diretores do clube vendo isso resolveram fazer um esforço e me contrataram em definitivo”, conta.
Petry diz que, assim como muitos jovens, também era fanático por futebol e tinha o sonho de ser jogador profissional. “Sempre acompanhei meu time do coração e também o futebol em todo o mundo. E não podendo realizar esse desejo, consegui unir o futebol a minha outra paixão que é a fisioterapia”, comenta. Pensando nisso, ele atualmente faz especialização voltada ao ramo esportivo.
Por ser uma função muito importante no clube, a rotina de trabalho de um fisioterapeuta esportivo é bem difícil. “Quando você trabalha no ramo, tem que saber que não tem mais final de semanas, festas de familiares, feriado, férias de final de ano. Tem concentração antes de jogos, por exemplo. As viagens longas, cansativas, muitas vezes são perigosas e você deixa familiares preocupados. Trabalhava os sete dias da semana durante o campeonato e praticamente os trinta dias por mês”, conta Petry.
No entanto, para ele, o retorno financeiro não está à altura. “O salário é baixo pela sua dedicação, profissionalismo e por tudo que você precisa abdicar da sua vida pessoal para ser fisioterapeuta esportivo. O mercado é pequeno e muito fechado, os clubes de menor expressão ainda não têm em mente que esse profissional pode fazer muita diferença durante uma pré-temporada e principalmente durante a competição. Mas se é isso que você gosta o valor recebido não vai ter muita influência na sua qualidade de vida, o prazer que tenho em trabalhar no futebol poucos tem em sua profissão”, enfatiza.
Repassando a informação
Para coroar todo o trabalho dos clubes, a imprensa cumpre um papel fundamental. Roberto Alves d’Azevedo trabalhou por dez anos cobrindo jogos de futebol como jornalista. “No meu caso, nos anos 80, o grande mercado da profissão era o esporte. O esporte era o único lugar onde se podia fazer jornalismo com liberdade de expressão. Basta ver que, até hoje, os maiores radialistas da cidade, por exemplo, são oriundos da crônica esportiva daquela época”, conta.
Como acompanhava os jogos da dupla Gre-Nal desde criança, que já trazia tradição de família, jogava e assistia futebol com freqüência. “E esse contexto me favoreceu muito na etapa inicial na profissão. Eu já tinha mais conhecimento que meus colegas”, conclui Azevedo.
FONTE: http://revista.penseempregos.com.br