segunda-feira, 14 de julho de 2014

Copa do Mundo deixa lições de marketing pessoal

Demonstrar simpatia e humildade foi a estratégia da Alemanha após a goleada histórica sobre o Brasil na semifinal da Copa. Após os 7 a 1, a seleção europeia tratou de reforçar o bom relacionamento com a torcida brasileira, mostrado desde o início da Copa. Uma carta da federação alemã, em português, dizendo que entende a dor de perder uma semifinal em casa, juntou-se uma série de manifestações que vinham ocorrendo durante todo o torneio, exaltando o Brasil e festejando costumes do país.

A política “amiga” alemã é uma das lições de marketing pessoal que a Copa deixa e que podem ser aproveitadas por qualquer profissional, dizem especialistas.

O G1 levou algumas estratégias para análise de Anderson Costa, consultor de gestão de pessoas do Gi Group, e Danylo Hayakawa, da Robert Half, empresa de recrutamento especializado. Abaixo, eles falam sobre as diferentes maneiras de um profissional ficar em evidência.

1) Boa ‘vizinhança’ da Alemanha

Cenas da Alemanha no Brasil: batendo bola com índios (acima), vestindo a camisa e cantando o hino do Bahia (à esq) e post de Podolski se dizendo noveleiro (Foto: Reuters/YouTube/Twitter)



Além de darem resultado em campo, os alemães são lembrados por curtirem a estadia no país da Copa. A seleção saiu às ruas, tirou fotos com fãs, vestiu camisa do Bahia e do Flamengo, aproveitou a praia e resumiu tudo num vídeo ao som de “Tieta”. Após a goleada em cima do Brasil, o meia Schweinsteiger pediu desculpas. E o atacante Poldoski, bastante ativo nas redes sociais, já fez até post se declarando noveleiro.

Para especialistas, a estratégia alemã cria um bom ambiente e agrega forças. Anderson Costa diz que a política da boa vizinhança é uma boa alternativa porque, mesmo numa empresa, ninguém faz nada sozinho: “Ter bom relacionamento com outras áreas ajuda a atingir o resultado. Dentro da empresa, um bom ambiente é imprescindível para facilitar o trabalho”.

Danylo Hayakawa concorda: “Essa política tem que ser uma atividade em destaque pela questão do trabalho em equipe, já que uma pessoa não faz acontecer sozinha”, diz.


2) As caras de David Luiz

David Luiz comemorando o gol contra a Colômbia (à esq) e fazendo careta com fã (Foto: AFP / Instagram)

Num time que tinha o goleador Neymar, o zagueiro David Luiz conseguiu conquistar uma legião de admiradores. Fora de campo, se mostra atencioso com fãs -muitos deles crianças- e também aproveita as redes sociais para publicar ou retribuir mensagens de incentivo, além de postar fotos fazendo a já famosa careta. No trabalho, ficou marcado em imagens de garra e companheirismo, além de ter sido um dos primeiros a falar sobre a derrota para a Alemanha, aos prantos.

Para Hayakawa, David é um exemplo da mistura de dois perfis muito requisitados no mundo corporativo: comunicativo e técnico. “Ele chama a responsabilidade, tem esse nível de exposição por sua facilidade de comunicação e relação interpessoal”, avalia.

“O David Luiz é o caso clássico, já que dentro da empresa existe uma pressão no momento de decisão ou para alcançar metas, mas também existem situações que permitem essa descontração”, completa Costa. “É importante que o profissional saiba o momento certo para cada manifestação.”

Hayakawa diz ainda que a postura após a goleada, quando era o capitão da seleção, fortaleceu a imagem do jogador como alguém que mostra e compartilha o que todos estão sentindo. “Fazendo um paralelo com o mundo corporativo, vemos uma característica adicional: liderança. Quando ele assume a responsabilidade pela derrota, é o mesmo que acontece quando um gestor responde e assume a responsabilidade pelo mau resultado da equipe, sem ficar procurando culpados”, destaca.



3) Não deu, Cristiano Ronaldo

Ao lado do melhor do mundo, Cristiano Ronaldo, faltou uma equipe à altura  (Foto: AFP)



Cristiano Ronaldo chegou ao Brasil sob grande expectativa. O jogador galã do Real Madrid, que tem fama de metrossexual, era uma das apostas a craque da Copa depois ser considerado o melhor do mundo pela Fifa, em janeiro passado. No entanto, acabou sendo alvo de críticas com a seleção portuguesa eliminada na primeira fase. Um tombo assim pode arranhar a imagem de um craque como CR7? Para os especialistas, não.

“Às vezes o profissional está muito bem em determinado projeto e quando é transferido para outra ação não rende a mesma coisa. Não significa que ele ficou ruim, mas ele não se adaptou à nova realidade ou ao time que está junto com ele”, diz Costa.

Para Hayakawa, uma pessoa só não ganha o jogo ou alcança os objetivos da empresa. “O gestor tem que enxergar que a equipe não está no mesmo nível e buscar ferramentas para que todos correspondam, para que a “estrela” também possa mostrar seu trabalho”.


4) Neymar, o divulgador

Neymar postou ‘selfie’ da seleção na Granja Comary no último dia 1º (Foto: Reprodução/Twitter)
Neymar é um dos jogadores mais talentosos do mundo e também um dos que mais lança mão do marketing pessoal. Como muitos jovens, é fã de “selfies” e costuma postar fotos da família, da namorada famosa, dos “parças”, como chama os amigos, e também foi um dos que mais mostraram os bastidores da seleção na Copa. No ambiente corporativo, o profissional “divulgador” e antenado é bem visto? Os consultores dizem que sim.

“É importante ter alguém na equipe com essa qualidade, que faz a ‘divulgação’, eleva a marca e o nome da empresa. Dessa forma, o mercado acaba vendo o que está acontecendo na companhia e os resultados apresentados, agregando valor ao trabalho”, afirma Costa. Mas ele lembra que o funcionário deve observar o estilo da companhia para saber o que pode ser divulgado.

Para Hayakawa, na empresa criatividade e inovação cotam, mas também são cobrados resultados . “No mundo corporativo, a questão é ter a dose certa, porque você não pode ter uma pessoa só de ideias e que não gera resultado.”


5) Messi, o discreto

Messi comemora gol contra o Irã na primeira fase da Copa (Foto: Jon Super/AP)
O talento de Lionel Messi é incontestável, mas o capitão da Argentina fala pouco até em campo, onde mantém semblante sereno, e, fora dele, também não é de baladar. Isso significa que o craque é ruim de marketing pessoal? Não quando se vê um estádio inteiro com a “cara” de Messi nas arquibancadas. Para especialistas, o jogador consegue influenciar a seleção e os fãs de outras formas, sem alarde.

Segundo Costa, profissionais com esse perfil são conhecidos por serem objetivos e por agir quando são exigidos. “Ele passa equilíbrio e tranquilidade e todos sabem que, no momento do desespero, ele fará o que tem que ser feito, sem alarde ou divulgação. E como líder, liderança pelo exemplo”.

“Por mais que esse profissional seja cobrado por resultados, ele tem a capacidade de lidar com problemas, obstáculos e resistir à pressão em situações adversas. Ele pode ter a liderança técnica e não ter liderança verbal ou pela atitude”, diz Hayakawa.


FONTE: g1.com

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